quarta-feira, 20 de maio de 2009

Gatas e Cães

Por Rodrigo Pinto

Não foi nada fácil. Cheguei perto do guichê e comprei passagem para o ônibus das 23h30. Prefiro viajar à noite, tomar uns tragos e dormir, então só de manhã, quando o sol bater no meu rosto, levantar, enxugar a baba que escorreu pra bochecha, ir até o banheirinho apertado, escovar os dentes e abrir um livro, ou ouvir um som. Rodoviária lotada, famílias inteiras chegando do nordeste, com bebês chorando. Jovens mochileiros, saindo por aí, em outra cidade, em outro país. Vendedores de bugigangas, e cafajestes aplicando o conto do vigário. Gente ignorante, e gente interessante, misturando-se naquele porto de embarque e desembarque de sonhos. Meti a passagem no bolso da calça jeans, e fui comprar uma cerveja. No meio do caminho, um casal de hippies me oferece artesanatos, mínimas esculturas de durepox, arame e miçangas. Tinham talento de sobra aqueles dois. Vi uma réplica miniaturizada do Bob Marley, idêntica ao original, com os dreads caindo nos olhos, a mão na testa, violão pendurado no pescoço e expressão de fé. Mesmo assim, passei batido e fui tomar minha gelada. Ainda faltavam 2 horas pra sair o ônibus, e eu não estava afim de gastar meu (pouco) dinheiro comprando bonequinhos de maconheiro. Saí da rodoviária e fui até o Sol Nascente Bar. Logo na entrada, um mendigo bêbado deitado no chão, com a cabeça apoiada num saco de gelo, e um pequeno fio de sangue escorrendo pela calçada. O tombo deve ter sido feio. Chutei-o para o lado e entrei, procurando uma mesa nos cantos. Sentei, e logo veio a cerveja gelada, com uma barata morta esmagada, grudada no fundo da garrafa. Enchi o copo americano, e tomei vários goles de uma vez. Reparei numa garota loira, olheiras fundas e cabelo despenteado, vestida com uma saia preta e meia calça, uma camisetinha do Ramones e jaqueta cor de nada. Ela comia com vontade um misto frio, e me observava a cada mordida. Ao lado dela, uma pequena mochila ocre, costurada à mão. Levanto e vou até ela, ofereço um cigarro e pergunto seu nome. Mal humorada, cospe um naco de presunto na minha cara, levanta e me chuta a canela. Maldita vadia, sem pensar agarro-lhe pelos cabelos e beijo sua boca com vontade. Uma mordida violenta me sangra o lábio e escurece a visão. A loirinha era nervosa. Sacudo a cabeça, e com uns guardanapos enxugo o sangue que corria quente e me manchava a camiseta. Com a outra mão, dou um tapa violento no rosto dela, que dessa vez cuspiu um dente no chão. Me olhou e sorriu, com a boca igualmente sangrenta. Aceitou o cigarro, pagou seu lanche e saiu. E eu continuei a tomar minha cerveja, agora com gosto de sangue. Fiquei pensando naquela garota, que começa uma briga e sai fora com um sorriso. Coisa estranha, que só acontece naquele boteco sujo. Me lembrava alguma coisa de um filme espanhol que eu havia assistido semanas antes. No roteiro, a garota personagem principal era uma junkie de classe média, que saía toda noite pelas ruas pra arrumar confusão e causar por aí. Um dia ela encontrou um vira-lata sujo, e dividiu uma cocada com ele. O cachorro lambeu sua mão, e juntos dormiram na sarjeta. Ela acordou sem uma orelha, e amaldiçoou o canino. Quando levantou e viu o corpo atropelado do sabujo, chorou. E nunca mais se drogou. Filme legal. Pensando nessas besteiras, quase perco o ônibus. Levantei-me e corri, nem paguei as cervejas. Cheguei na rodoviária em cima da hora, o motorista me xingando, pois só faltava eu. Todos já estavam em seus lugares. Caminhei até a poltrona 65, e para minha surpresa, no assento 66, lá estava ela. A loirinha banguela. Quando me viu, tremeu. Sentei ao lado dela e fingi não reconhecê-la. Ela tirou uma garrafa de vinho da bolsa e abriu, me oferecendo um gole. Não trocamos uma só palavra. Nos embebedamos e dormimos juntos, profundamente. Acordei cedo e ela não estava mais lá. Nunca mais a vi. Nem sei se um dia ela existiu. Olhei pela janela e um cachorro vira-lata, sentado na beira da estrada, olhava nos meus olhos. Tinha na boca uma orelha humana. Me acompanhou com os olhos até o ônibus sumir na estrada, levantando poeira e soltando uma fumaça suja e fedida pelo escapamento.

domingo, 17 de maio de 2009

Quando o meio é a mensagem


Por Má Saraiva

O Mega Não!

Uma intensa onda vigilantista mundial vem assolando o ciberespaço. Estes movimentos liderados pelos Governos são fomentados por grandes corporações que se beneficiarão com a censura e controle da Internet. Na prática, cidadãos conectados fizeram um excelente trabalho de globalização compartilhando cultura e conhecimento, uma globalização essencialmente social, mais eficiente que a globalização econômica preconizada pelos “papas” da globalização.
Esta liberdade esta incomodando o “establishment”, e fazendo com que grandes corporações e os governos andem de mãos dadas para tornar a Internet um ambiente controlado, um ambiente onde o capital volte a dominar.
No Brasil já existem diversas ações vigilantistas, são censuras de blogs e até de jornais inteiros, são comunidades no Orkut que são sumariamente eliminadas, e são diversos projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado que tornarão a Internet no Brasil um ambiente inóspito.
Neste momento, nosso foco principal esta no
PL 84/99, o PL de cibercrimes do Azeredo, que tramita na Câmara. A pressão para a aprovação do projeto vem aumentando, e para mostrar que há resistência popular, Deputados, Ciberativistas, e diversos coletivos e organizações se mobilizaram para um ato público na Assembléia legislativa de São Paulo que ocorreu no dia 14 de maio, e agora estamos convocando para um novo Ato publico contra o AI5 digital que acontecerá na Assembleia legislativa do RS no dia 25 de maio às 14h.
Nossa proposta
A proposta do Mega Não, é ser um meta manifesto, um agregador de informações e de diversas manifestações na Internet e fora dela, com o objetivo de combater o vigilantismo. Diversos núcleos ciberativistas estão surgindo e aumentando o discursso e a pressão popular contra o vigilantismo, tentat agregar, fomentar e ajudar a divulgar estes eventos é a nossa proposta, nos
informe de seus movimentos, vamos juntar forças!!!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Posso ir agora?



Por Rodrigo Pinto


Sobriamente, abotoou o casaco e protegeu-se do vento frio daquela manhã de 5feira. A passos largos, caminhava sem olhar para os lados, os pensamentos confusos e dispersos. O vento gelado deixava a ponta do nariz vermelha. Lágrimas geladas juntavam-se no canto dos olhos. O cabelo, despenteado. Não sabia onde ir, sabia que queria mais. O sol nascia devagar e alguns raios luminosos refletiam na calçada. Crianças de mãos dadas com os pais iam para o colégio, e homens de gravata e mulheres de sandálias esperavam o ônibus para ir trabalhar. Reparou num vira-lata velho, esperto nas ruas, que olhava para os dois lados antes de atravessar. Continuava a sua caminhada, e sorria ao ver um passarinho pousado no fio de alta tensão. Ao se aproximar de uma banca de jornais, parou. Desempregados liam as notícias do dia nos jornais pendurados na parte lateral da banca. Uma velhota comprava uma revista de fofocas, com fotos de gente rica e sorridente na capa. Parou, enfiou a mão no bolso de trás da calça e tirou um maço de cigarros amassados. Acendeu um, e continuou a caminhar. Passa por uma turma de punks sujos, que deviam ter passado a noite sentados ali mesmo, discutindo política e anarquismo, e bebendo uísque de procedência duvidosa. Um desses lhe pede um cigarro, ele nega. Lembra-se do caminho e vira à direita. Passa pela igreja onde as beatas disputam lugar com os mendigos na porta. Do lado, uma garotinha vendia flores. Revirou os bolsos, juntou umas moedas e comprou algumas. Sentiu-se ridículo carregando aquelas lindas e cheirosas rosas vermelhas, mas continuou seu caminho. Alguns nem o notavam, outros o estranhavam. O trânsito parado. Sirenes. Uma moto caída, e um carro importado com o pára-choque amassado. Um corpo no chão. Não parou pra ver quem era. Continuou a andar, jogando a bituca do cigarro no chão. Chegou na porta do cemitério. Respirou fundo e entrou. Passarinhos cantavam e o sol já esquentava as lápides. Abriu o casaco e do bolso tirou uma anotação que não conseguia ler. Andou algumas quadras, passou por um coveiro que ajeitava flores em uma tumba recém fechada. Deteve-se um minuto ali, e quando o funcionário se retirou, aproximou-se. Agachou, e depositou suas flores ali também. Reconheceu sua foto no mármore, que refletia o sol. Levantou-se assustado e correu. Voltou para o local do acidente que havia ignorado. Lá, a polícia havia coberto com um plástico preto o motoqueiro de má-sorte. Só conseguia ver os pés do cadáver. Parado ao lado do corpo, um jovem. Alto, jaqueta de motoqueiro. Calça jeans surrada. Calçava botas idênticas à do defunto. Estava pálido, parecia não entender onde estava ou o que se passava, alheio aos acontecimentos. Notou que o jovem observava tudo com medo. Caminhou até ele e então lhe ofereceu um cigarro. Do lado deles, uma menininha vendia flores, o cheiro de morte invadiu suas narinas. Seria o perfume daquela mulher, que apareceu de repente, toda de negro, que maldosamente sorria e lhe estendia um isqueiro?


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lapso de Sanidade

Às vezes a vida prega peças. Apesar de todos os questionamentos que carregamos nessa trajetória, nunca estamos preparados realmente pro que "der e vier". Esse despreparo quase proposital serve como proteção, no sentido literal.

Assentir limitações, aceitá-las e não contrariá-las não garante absolutamente nenhuma proteção. A redoma consciência, sabedoria e prudência é segura se é real. A vida é completa mutação, imprevisível e arrebatadoramente aleatória. Sobra pouco de tudo que se acredita após uns poucos minutos raros com os pés no chão.

Sobram as certezas do bem, da honestidade, do respeito e da fé. E a elas se somam incertezas sobre a morte, o destino, o amor, a amizade, a existência... o devir.
Andar nesse labirinto? Sim, se houver uma bússola interna. O homem que se atenta aos sinais é sábio. Será nobre e honrado se tiver clareza de que os sinais da vida não independem de seu julgamento e interpretação. Ele junta uma coisa à outra e pronto. Chama isso intuição. Eu chamei de bússola interna por capricho.

Já achei que a minha bússola estivesse meio estragada em vários momentos. Me justifiquei com isso e não lhe dei atenção. Mas, não... Estragada estava eu... flutuando...

Convinha ser desatenta.
Gosto de ver o tempo gastar suave, macio, real e, simultaneamente, insano... como se fosse sem começo e nem fim.

Do fatal não se pode correr, isso eu já sei. Cedo ou tarde a verdade te lasca um tapa na cara e te põe no devido lugar. Pessoalmente, aceito de bom grado. Aceito até que minha bússola possa estar estragada. O risco é sempre tão alto quanto o preço a se pagar e a satisfação de vencer.
Gosto disso...

na verdade, ADORO.

Por Ma

quinta-feira, 7 de maio de 2009

CHURRASCO



Churrasco
Nódoa. Nódoa. A minha camiseta branca gruda nas costas fazendo uma mancha transparente. Ando mais rápido. Encaro o sol e vejo um céu em negativo, com nuvens duplicadas, triplicadas, rolos grossos. Calor. Meu buço pinga. Minha testa soa. No vão dos meus peitos escorre uma água salgada e meio oleosa.
Já é meio dia. A sapatilha de borracha fina parece derreter. Observo os carros indo e vindo, queria ser tão rápida quanto um jaguar, ou um guepardo, coisa assim. Os chicletes derretem no asfalto e o sol vai tatuando uma nova cor na minha pele, bronze. Eu quente. Eu apressada, eu com vontades absurdas, com ânsias, com cios dentro de mim. Um alazão de asas douradas corta o céu. Alguém sentado em cima. Olho no relógio de novo. É realmente meio dia e eu estou atrasadíssima.
Olho o céu.Não gosto de rezar. Não gosto de ficar pedindo, pedindo toda hora. Vejo uma fumaça ao longe. É uma fábrica qualquer de alguma coisa qualquer com um monte de gente dentro ralando pra receber uns trocados no fim do mês. De certa forma, tem um pouco de carne humana nessa fumaça. De certa forma é um churrasco de gente que se evola aos céus como uma oferenda dos homens ao criador deles.
E ele gosta disso. Ele se amarra nessas fumacinhas. É uma espécie de torpor, algo assim como uma onda de crack. Quantas vezes não pediu carneiros a Abrãao e como depois o negócio de carneiros, cordeiros imolados foi dando pouca onda,ele foi criando tolerância então pediu o filho do cara. Sim, pediu o filho do cara num altar de pedra, assim no meio da floresta de oliveiras bem cara-de-pau. "Mas meu filho, Senhor?" - perguntou o cara. E ele disse: "amanhã, bem cedinho, com muita manteiga por favor!" .E o coitado foi lá e foi poupado. Nessa hora ele teve dó, né mas depois o que se seguiu foi bem diferente. Porque pensa, pensa no poder dele: poderoso demais, só esticar um braço, jogar um raio e acabar com as mazelas. Mas não, fica dando essa porra de livre-arbítrio pra gente é pra ver a esfolação mesmo. Por exemplo :Jesus sendo crucificado, ele e montes e montes de ladrões de cabeça pra baixo. Joana D´arc, que gracinha que era ela, acabou sendo queimada, ela e mais centenas de mulheres dadas como feiticeiras, centenas de milhares de judeus sendo jogados em valas, cadáveres maias apodrecendo, as virgens sendo oferecidas para a colheita ficar mais verde, mais abundante. Ele poderia ter evitado tudo isso. Não evitou pq não quis, pq gosta. Os corpos são queimados. Uma nuvem grossa de fumaça se eleva aos céus. Como uma sinuosa espiral ela se estica e chega até o nariz Dele. Ele aspira sofregamente. Uma lagriminha de felicidade escorre de Seus olhos. Plim. E vem um torpor delicioso, vem uma dormência tranquilizante. Pronto. Sua ira é aplacada e ele dorme por umas três a quatro horas. Depois acorda e começa tudo outra vez.
Ando mais depressa. Entro no açougue. Por detrás do balcão, um avental manchado de sangue com um homem atrás. O homem é moreno, tem um cabelo cortado à escovinha e é peludo como um urso. O suor escorre pelo seu dorso onde as moscas fazem uma festa infernal, andam por ali sorvendo o sal, sorvendo o óleo e todos os metabólitos do cara. Eu fico vendo o espetáculo até ele se virar e me ver.Ele percebe que estou há um tempinho esperando. Logo me entrega todos os cutelos,o martelo de quebrar ossos, a marreta que esmaga qualquer crânio, os grandes facões, o punhal, o fatiador.O preço é salgado mas eu me rendo a esse mercado negro maravilhoso e pago tudo o que ele quer. Agora tenho que andar depressa pois não quero me atrasar.
Chego em casa. Ponho a chave na fechadura. Este gesto singular me lembra que todas as coisas se introduzem umas nas outras, que maravilhoso. O mundo todo é uma foda ininterrupta. Corro para o banheiro pois Ele é pontual e nunca nunca se atrasa. O chuveiro quente derrama água em meu corpo e vai percorrendo todas as minhas fissuras... cai no chão um líquido saponáceo-suóreo-corporal-viscoso-salgado-oleoso mistura de sabonete, xampu, minhas imundícies e água. Vai lavando o granito e escoando pelo ralo. Saio toda salpicada de água, cheirosa, os cabelos esticados pela lavagem recente .Penso nele, penso nele. O vestido desliza do guarda roupa para o meu corpo. Correndo chego na cozinha.Um cheiro de incenso e rosas. Ele já está lá.
“Sua onipresença às vezes me irrita”. “Vamos logo com isso querida. Não queremos atrasar nosso jantar.” Então abro o freezer horizontal. A peça está lá totalmente congelada. Pesada. Não consigo carregar. Então ele entra em ação. Com muito carinho a pega no colo, como um noivo segurando sua noiva na entrada da nova casa. E a coloca no balcão de mármore branco.
Minha vez. Contemplo. É realmente uma peça muito bonita, grande, branca. Os olhos azuis estatelados com as pupilas dilatadas. O grande cabelo muito preto e muito liso, fazendo curvinhas graciosas e contrastando com a brancura da pedra. Os seios são um pouco caídos mas fartos o suficiente para uma boa sopa. As coxas gordas com algumas veias arrebentadas, mas muito musculosas. Com grande cautela. Sempre cuidado. É um ritual. Com o martelo vou quebrando os ossos no local das juntas, como com os frangos.Ensinamentos de mamãe para desossar. Com gentileza vou cortando os locais das fraturas com o facão. Os membros facilmente se desprendem. Essa operação me salpica de sangue e ele gentilmente vai me limpando com a barra de sua túnica imaculadamente branca. E me olha profundamente lendo meu pensamento. Eu coro e recomeço meu trabalho. Escalpelo a peça. Quantas pulseiras e bordados lindos vou fazer com estes cabelos!! Essas sedas. Siiiim. Agora é a vez de descascar os braços e as coxas. A pele vai se soltando à medida que forço o punhal em movimentos circulares, como com as laranjas. Começa a chover lá de fora. Ele manda um raio para iluminar nosso céu. Céu de belos sacrifícios. Com um corte longitudinal desosso a primeira perna, Ele vai fazendo os bifes. Com um raio acende a churrasqueira da área de serviço. Coloca as carnes num espeto e vai ajeitando. Se inicia o assado. Ele se emociona. Respira sofregamente a fumaça. Plim. Uma lágrima cai. Plim, duas. Plim , três. Percebo suas pupilas, inclusive a do terceiro olho, se dilatando exageradamente. Ele começa a rir. Me puxa para si e me beija na testa. “Minha querida, tu és minha escolhida.”
Vamos beber muita cerveja hoje.
Por Priscylla

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ato Público Contra o AI-5 Digital


Gostaríamos de convidá-lo a participar do ato público que será realizado no dia 14 de maio, às 19h30, em defesa da

LIBERDADE NA INTERNET CONTRA O VIGILANTISMO NA COMUNICAÇÃO EM REDE
CONTRA O PROJETO DE LEI SUBSTITUTIVO DO SENADOR AZEREDO

O Ato será na Assembléia Legislativa de São Paulo e será transmitido em streaming para todo o país pela web.
PLENÁRIO FRANCO MONTOROASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO AV PEDRO ALVARES CABRAL S/N - IBIRAPUERA
O Ato também terá cobertura em tempo real pelo Twitter e pelo Facebook.
Contamos com a sua presença.
Comitê Organizador

Escrito por Sérgio Amadeu em 4 maio 2009 Tags: , ,
Retirado de Os Trezentos sobe licença CREATIVE COMMONS

Tarso Genro pede mobilização social para corrigir PL Azeredo

O Ministro Tarso Genro enviou uma carta-resposta em que se compromete a trabalhar para corrigir as arbitrariedades antidemocráticas do Senador Azeredo e pede participação social.
Leia abaixo os dois documentos:
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1- Carta do Ministro Tarso Genro
2- Carta de militantes gaúchos pela liberdade da Rede
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Ao Deputado Paulo Teixeira
E aos companheiros José Tavares, Marcelo Branco, Sady Jacques, Juberlei Bacelo, Celso Woyciechowski,

A aprovação, no Senado Federal, do substitutivo apresentado pelo senador Eduardo Azeredo ao Projeto de lei nº 84, de 1999, que dispõe sobre os crimes cometidos na área de informática, intensificou o debate público sobre o tema. Felizmente, vieram em tempo as críticas da sociedade civil à regulamentação penal da Internet e aos problemas trazidos pelos tipos penais e pelos mecanismos de controle do projeto de lei.Pela carta que recebi, estamos claramente do mesmo lado na discussão sobre a Internet no Brasil. Ao elaborar uma nova proposta, o Ministério da Justiça estabeleceu como premissa o respeito à democratização da Internet e a necessidade de aprofundar a inclusão digital no país. Somos contrários, evidentemente, ao estabelecimento de quaisquer obstáculos à oferta de acesso por meio de redes abertas e à inclusão digital, ao vigilantismo na Internet e a dificuldades para a fruição de bens intelectuais disseminados pela Internet.
A aprovação do projeto de lei no Senado demonstrou o perigo de uma legislação com esses problemas ser aprovada caso não haja reação forte e decidida dos setores democráticos da sociedade. Estamos a serviço desses setores. Por isso mesmo, a proposta que levamos à discussão foi – e ainda vem sendo – debatida no interior do Poder Executivo, em reuniões coordenadas pela Casa Civil com representantes da sociedade civil e empresas que participam da inclusão digital no Brasil (lan houses e provedores), em São Paulo, em Brasília, no Fórum Social Mundial e, esperamos, nas próximas oportunidades em que possamos contribuir. O deputado Paulo Teixeira, presente na maior parte dessas ocasiões, testemunhou nosso empenho em corrigir os graves problemas do projeto de lei aprovado no Senado. Para isso, precisamos sim de auxílio para a construção de um texto alternativo ao que hoje parece estar próximo de ser aprovado.
Com a nova proposta, procuramos clarear nossos posicionamentos: garantir que as iniciativas de inclusão digital não arquem com os altos custos de armazenamento de dados informáticos; excluir o dispositivo que obriga os provedores de acesso a informar à autoridade competente denúncia que tenha recebido e que contenha indícios da prática de crime ocorrido no âmbito da rede de computadores sob sua responsabilidade; estabelecer e melhorar o conceito de provedor de acesso; reformular os crimes de acesso indevido a informações em sistemas informatizados e de inserção e difusão de código malicioso, excluindo-se, ainda, diversos tipos penais desnecessários, porque já previstos na legislação vigente. Ressalte-se, também, que procuramos retirar todas as possibilidades de os crimes previstos no PL atingirem direitos de propriedade intelectual.
Estamos convictos de que essas mudanças foram positivas, embora talvez ainda não tenham solucionado todos os problemas do projeto de lei aprovado no Senado. Na última reunião de que participamos, representantes da sociedade civil se prontificaram a apresentar uma nova redação para o substitutivo, inclusive com o aporte de conhecimentos técnicos de que não dispomos. Recebemos com entusiasmo a idéia de uma regulamentação civil da Internet e a oposição pública aos equívocos do projeto de lei, que tem impedido a aprovação impulsiva do projeto hoje na Câmara dos Deputados.
Acreditamos ser possível chegar a um projeto adequado à realidade brasileira, que contenha garantias para que a população não tenha seus hábitos na Internet analisados sem autorização judicial, e que os esforços para disseminar a Internet sejam encorajados cada vez mais. No entanto, é imprescindível que recebamos contribuições dos representantes da sociedade civil, pois só assim poderemos construir uma regulamentação que não reproduza os problemas do projeto de lei aprovado no Senado.
Mantemos nosso compromisso de participar desse debate, liderado pelo deputado Paulo Teixeira. Permanecemos à disposição para auxiliar nas discussões do projeto de lei, no Congresso Nacional ou fora dele. E reafirmamos nosso apoio às alterações que fortaleçam a inclusão digital e que protejam os usuários da Internet de abusos cometidos por quaisquer autoridades.
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Tarso Genro

Porto Alegre, 25 de abril de 2009.
Ao Ministro Tarso Genro:

Parcela importante da sociedade civil organizada do Rio Grande do Sul declara-se extremamente preocupada com a possível aprovação da Lei de Controle da Internet, proposta pelo substitutivo do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
Justamente no momento em que debatemos e lutamos pela radicalização da democracia no país, e nos esforçamos para que não haja descontinuidade eleitoral de nosso Governo democrático popular no plano Federal, surge a ameça de uma lei que representará na prática um “AI-5 Digital”.
A Lei Azeredo irá criminalizar em massa, práticas comuns na Internet; irá tornar mais caros nossos projetos de Inclusão Digital; proibirá as Redes Abertas; piorará a legislação referente à propriedade intelectual; legalizará a delação e o vigilantismo; inviabilizará sites de conteúdo colaborativo; atacará frontalmente a privacidade individual e oferecerá mecanismos digitais para que ressurjam perseguições politicas como houve nos tempos da ditadura.
Teremos uma Internet controlada, pior do que em países como Arábia Saudita, Nigéria e China.
Sendo assim, reivindicamos:
* Arquivamento do “substitutivo” organizado dentro do Ministério da Justiça;* Apoio à não-aprovação do PL Azeredo, especialmente através da supressão dos artigos 285-A, 285-B, 163-A e 22;* Constituição de uma comissão de membros da sociedade civil organizada, para redação de uma proposta de marco regulatório civil da Internet brasileira;* Agenda com Vossa Excelência, em regime de urgência, para tratarmos destas iniciativas e suas conseqüências.
Assinam esse documento:
* Setorial de Tecnologia da Informação do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (Setorial de TI do PT-RS);* Associação Software Livre.Org (ASL.Org);* Associação Gaúcha dos Profissionais na Área de Tecnologia da Informação e Comunicação (APTIC-RS);* Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários);* Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS).
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Maiores informações:

Contatos:

José Tavares (Setorial de TI do PT-RS) – tdaj@uol.com.br – (51) 9251 9103
Marcelo Branco (ASL.Org) – marcelo@softwarelivre.org – (51) 9736 3076
Sady Jacques (APTIC-RS) – sady@via-rs.net – (51) 8213 5999
Juberlei Bacelo (SindBancários POA) – juberlei@sindbancarios.org.br – (51) 9805 2617
Celso Woyciechowski (CUT-RS) – celso@sintaers.com.br – (51) 9967 1278
Escrito por Cassino em 6 maio 2009
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* Retirado de Os trezentos, sob licença CREATIVE COMMONS

sábado, 2 de maio de 2009

Divagação quase curta.



Aceite que o conhecimento é prazeroso.

O exercício cerebral de consultar referências na memória, no que já foi vivido e aprendido e, daí chegar à hipóteses lógicas, é uma satisfação física.

É o prazer da descoberta.

Criar algumas conexões e buscar novas referências.
De repente, modificar seu ponto de vista.
Pensar.

Não ser hipócrita consigo mesmo e nem com seus objetivos.
Respeitar as regras do SEU método,
só após tê-lo realmente compreendido.

Ter consCIÊNCIA de suas limitações.

Ser prudente, para enfrentar o mínimo possível o inesperado.
Vigilante, para perceber em tempo um possível engano.
Persistente, para não desistir quando o caminho lhe testar.

Por fim... CORAJOSO:

Estar vivo e aceitar essa condição demanda muita coragem.
Por Ma Saraiva