sábado, 6 de junho de 2009

Tweetando.


Muitos dias sem postar nada, eu sei. Nem pretendo tirar o atraso pois rolou tanta coisa nas últimas semanas que, realmente, a missão seria impossível. Sorry.

Mas o que me deu vontade de escrever mesmo foi o tal do TWITTER, a nova febre da internet. Meio que rede social, meio que um mini blog, o twitter é um espaço onde as pessoas postam o que quiserem, desde que não ultrapassem os 140 caracteres. Assim como o orkut, pra participar do twitter basta ter uma conta de email, entrar na home e fazer um cadastro bem básico. Depois disso, você pode postar via web ou, o que é mais legal, pelo celular, via SMS.

O funcionamento da coisa é mais ou menos assim: à esquerda da sua página aparecem seus Followers, que são as pessoas que te seguem e vêem o que você escreve, e os Following, que é quem você tá seguindo. Além disso, rolam uns programinhas bem bacanas pra quem usa twitter. Com eles é possível postar fotos, vídeos e ouvir música. Dá pra mandar mensagens particulares pra pessoas que te seguem e são seguidas por você também (só usar o direct message). Caso você queria responder a algum Tweet, basta dar um REPLY, opção que aparece no canto direito da mensagem que você quer responder. Pelo twitter você pode fazer buscas por outros contatos, adicionar amigos de outras redes sociais, criar seu próprio layout e conversar sobre assuntos específicos com quem quer que seja (basta usar #ASSUNTO que você estará se referindo ao que quer falar), encontrar pessoas no mundo todo que estão falando sobre algum assunto (tem até uma lista dos tópicos mais falados TRENDING TOPICS) etc.

Mas, agora que a coisa foi mais ou menos clareada, vem a pergunta: E daí? Por quê eu quero participar desse tal Twitter? Ótima pergunta, já que vemos de tudo por alí. Gente que cria um perfil e posta tudo o que está fazendo, gente postando links com notícias variadas, gente que conversa online, gente que vende coisas, blogueiros que fazem seu marketing pessoal, famosos fazendo a social com fãns, políticos fazendo campanha, etc. E isso, ao contrário de muitas críticas, é o que eu acho mais bacana no Twitter: pode tudo. Poste o que quiser: piada, música, foto, crítica, bobagens, tudo mesmo. Você é livre pra seguir quem te interessar e pra falar o que estiver a fim. Dá até pra bloquear seu perfil e, com isso, quem não te segue não vê nada do seu perfil nem o que você escreve.

Então, seja lá qual for seu motivo, mesmo que seja só pra conhecer, entra lá, faz um perfil e divirta-se!
Ah, a Marimoon (VJ da MTV) fez um tutorial completinho pra quem quer conhecer melhor o Twitter. :)

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Gatas e Cães

Por Rodrigo Pinto

Não foi nada fácil. Cheguei perto do guichê e comprei passagem para o ônibus das 23h30. Prefiro viajar à noite, tomar uns tragos e dormir, então só de manhã, quando o sol bater no meu rosto, levantar, enxugar a baba que escorreu pra bochecha, ir até o banheirinho apertado, escovar os dentes e abrir um livro, ou ouvir um som. Rodoviária lotada, famílias inteiras chegando do nordeste, com bebês chorando. Jovens mochileiros, saindo por aí, em outra cidade, em outro país. Vendedores de bugigangas, e cafajestes aplicando o conto do vigário. Gente ignorante, e gente interessante, misturando-se naquele porto de embarque e desembarque de sonhos. Meti a passagem no bolso da calça jeans, e fui comprar uma cerveja. No meio do caminho, um casal de hippies me oferece artesanatos, mínimas esculturas de durepox, arame e miçangas. Tinham talento de sobra aqueles dois. Vi uma réplica miniaturizada do Bob Marley, idêntica ao original, com os dreads caindo nos olhos, a mão na testa, violão pendurado no pescoço e expressão de fé. Mesmo assim, passei batido e fui tomar minha gelada. Ainda faltavam 2 horas pra sair o ônibus, e eu não estava afim de gastar meu (pouco) dinheiro comprando bonequinhos de maconheiro. Saí da rodoviária e fui até o Sol Nascente Bar. Logo na entrada, um mendigo bêbado deitado no chão, com a cabeça apoiada num saco de gelo, e um pequeno fio de sangue escorrendo pela calçada. O tombo deve ter sido feio. Chutei-o para o lado e entrei, procurando uma mesa nos cantos. Sentei, e logo veio a cerveja gelada, com uma barata morta esmagada, grudada no fundo da garrafa. Enchi o copo americano, e tomei vários goles de uma vez. Reparei numa garota loira, olheiras fundas e cabelo despenteado, vestida com uma saia preta e meia calça, uma camisetinha do Ramones e jaqueta cor de nada. Ela comia com vontade um misto frio, e me observava a cada mordida. Ao lado dela, uma pequena mochila ocre, costurada à mão. Levanto e vou até ela, ofereço um cigarro e pergunto seu nome. Mal humorada, cospe um naco de presunto na minha cara, levanta e me chuta a canela. Maldita vadia, sem pensar agarro-lhe pelos cabelos e beijo sua boca com vontade. Uma mordida violenta me sangra o lábio e escurece a visão. A loirinha era nervosa. Sacudo a cabeça, e com uns guardanapos enxugo o sangue que corria quente e me manchava a camiseta. Com a outra mão, dou um tapa violento no rosto dela, que dessa vez cuspiu um dente no chão. Me olhou e sorriu, com a boca igualmente sangrenta. Aceitou o cigarro, pagou seu lanche e saiu. E eu continuei a tomar minha cerveja, agora com gosto de sangue. Fiquei pensando naquela garota, que começa uma briga e sai fora com um sorriso. Coisa estranha, que só acontece naquele boteco sujo. Me lembrava alguma coisa de um filme espanhol que eu havia assistido semanas antes. No roteiro, a garota personagem principal era uma junkie de classe média, que saía toda noite pelas ruas pra arrumar confusão e causar por aí. Um dia ela encontrou um vira-lata sujo, e dividiu uma cocada com ele. O cachorro lambeu sua mão, e juntos dormiram na sarjeta. Ela acordou sem uma orelha, e amaldiçoou o canino. Quando levantou e viu o corpo atropelado do sabujo, chorou. E nunca mais se drogou. Filme legal. Pensando nessas besteiras, quase perco o ônibus. Levantei-me e corri, nem paguei as cervejas. Cheguei na rodoviária em cima da hora, o motorista me xingando, pois só faltava eu. Todos já estavam em seus lugares. Caminhei até a poltrona 65, e para minha surpresa, no assento 66, lá estava ela. A loirinha banguela. Quando me viu, tremeu. Sentei ao lado dela e fingi não reconhecê-la. Ela tirou uma garrafa de vinho da bolsa e abriu, me oferecendo um gole. Não trocamos uma só palavra. Nos embebedamos e dormimos juntos, profundamente. Acordei cedo e ela não estava mais lá. Nunca mais a vi. Nem sei se um dia ela existiu. Olhei pela janela e um cachorro vira-lata, sentado na beira da estrada, olhava nos meus olhos. Tinha na boca uma orelha humana. Me acompanhou com os olhos até o ônibus sumir na estrada, levantando poeira e soltando uma fumaça suja e fedida pelo escapamento.

domingo, 17 de maio de 2009

Quando o meio é a mensagem


Por Má Saraiva

O Mega Não!

Uma intensa onda vigilantista mundial vem assolando o ciberespaço. Estes movimentos liderados pelos Governos são fomentados por grandes corporações que se beneficiarão com a censura e controle da Internet. Na prática, cidadãos conectados fizeram um excelente trabalho de globalização compartilhando cultura e conhecimento, uma globalização essencialmente social, mais eficiente que a globalização econômica preconizada pelos “papas” da globalização.
Esta liberdade esta incomodando o “establishment”, e fazendo com que grandes corporações e os governos andem de mãos dadas para tornar a Internet um ambiente controlado, um ambiente onde o capital volte a dominar.
No Brasil já existem diversas ações vigilantistas, são censuras de blogs e até de jornais inteiros, são comunidades no Orkut que são sumariamente eliminadas, e são diversos projetos de lei que tramitam na Câmara e no Senado que tornarão a Internet no Brasil um ambiente inóspito.
Neste momento, nosso foco principal esta no
PL 84/99, o PL de cibercrimes do Azeredo, que tramita na Câmara. A pressão para a aprovação do projeto vem aumentando, e para mostrar que há resistência popular, Deputados, Ciberativistas, e diversos coletivos e organizações se mobilizaram para um ato público na Assembléia legislativa de São Paulo que ocorreu no dia 14 de maio, e agora estamos convocando para um novo Ato publico contra o AI5 digital que acontecerá na Assembleia legislativa do RS no dia 25 de maio às 14h.
Nossa proposta
A proposta do Mega Não, é ser um meta manifesto, um agregador de informações e de diversas manifestações na Internet e fora dela, com o objetivo de combater o vigilantismo. Diversos núcleos ciberativistas estão surgindo e aumentando o discursso e a pressão popular contra o vigilantismo, tentat agregar, fomentar e ajudar a divulgar estes eventos é a nossa proposta, nos
informe de seus movimentos, vamos juntar forças!!!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Posso ir agora?



Por Rodrigo Pinto


Sobriamente, abotoou o casaco e protegeu-se do vento frio daquela manhã de 5feira. A passos largos, caminhava sem olhar para os lados, os pensamentos confusos e dispersos. O vento gelado deixava a ponta do nariz vermelha. Lágrimas geladas juntavam-se no canto dos olhos. O cabelo, despenteado. Não sabia onde ir, sabia que queria mais. O sol nascia devagar e alguns raios luminosos refletiam na calçada. Crianças de mãos dadas com os pais iam para o colégio, e homens de gravata e mulheres de sandálias esperavam o ônibus para ir trabalhar. Reparou num vira-lata velho, esperto nas ruas, que olhava para os dois lados antes de atravessar. Continuava a sua caminhada, e sorria ao ver um passarinho pousado no fio de alta tensão. Ao se aproximar de uma banca de jornais, parou. Desempregados liam as notícias do dia nos jornais pendurados na parte lateral da banca. Uma velhota comprava uma revista de fofocas, com fotos de gente rica e sorridente na capa. Parou, enfiou a mão no bolso de trás da calça e tirou um maço de cigarros amassados. Acendeu um, e continuou a caminhar. Passa por uma turma de punks sujos, que deviam ter passado a noite sentados ali mesmo, discutindo política e anarquismo, e bebendo uísque de procedência duvidosa. Um desses lhe pede um cigarro, ele nega. Lembra-se do caminho e vira à direita. Passa pela igreja onde as beatas disputam lugar com os mendigos na porta. Do lado, uma garotinha vendia flores. Revirou os bolsos, juntou umas moedas e comprou algumas. Sentiu-se ridículo carregando aquelas lindas e cheirosas rosas vermelhas, mas continuou seu caminho. Alguns nem o notavam, outros o estranhavam. O trânsito parado. Sirenes. Uma moto caída, e um carro importado com o pára-choque amassado. Um corpo no chão. Não parou pra ver quem era. Continuou a andar, jogando a bituca do cigarro no chão. Chegou na porta do cemitério. Respirou fundo e entrou. Passarinhos cantavam e o sol já esquentava as lápides. Abriu o casaco e do bolso tirou uma anotação que não conseguia ler. Andou algumas quadras, passou por um coveiro que ajeitava flores em uma tumba recém fechada. Deteve-se um minuto ali, e quando o funcionário se retirou, aproximou-se. Agachou, e depositou suas flores ali também. Reconheceu sua foto no mármore, que refletia o sol. Levantou-se assustado e correu. Voltou para o local do acidente que havia ignorado. Lá, a polícia havia coberto com um plástico preto o motoqueiro de má-sorte. Só conseguia ver os pés do cadáver. Parado ao lado do corpo, um jovem. Alto, jaqueta de motoqueiro. Calça jeans surrada. Calçava botas idênticas à do defunto. Estava pálido, parecia não entender onde estava ou o que se passava, alheio aos acontecimentos. Notou que o jovem observava tudo com medo. Caminhou até ele e então lhe ofereceu um cigarro. Do lado deles, uma menininha vendia flores, o cheiro de morte invadiu suas narinas. Seria o perfume daquela mulher, que apareceu de repente, toda de negro, que maldosamente sorria e lhe estendia um isqueiro?


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Lapso de Sanidade

Às vezes a vida prega peças. Apesar de todos os questionamentos que carregamos nessa trajetória, nunca estamos preparados realmente pro que "der e vier". Esse despreparo quase proposital serve como proteção, no sentido literal.

Assentir limitações, aceitá-las e não contrariá-las não garante absolutamente nenhuma proteção. A redoma consciência, sabedoria e prudência é segura se é real. A vida é completa mutação, imprevisível e arrebatadoramente aleatória. Sobra pouco de tudo que se acredita após uns poucos minutos raros com os pés no chão.

Sobram as certezas do bem, da honestidade, do respeito e da fé. E a elas se somam incertezas sobre a morte, o destino, o amor, a amizade, a existência... o devir.
Andar nesse labirinto? Sim, se houver uma bússola interna. O homem que se atenta aos sinais é sábio. Será nobre e honrado se tiver clareza de que os sinais da vida não independem de seu julgamento e interpretação. Ele junta uma coisa à outra e pronto. Chama isso intuição. Eu chamei de bússola interna por capricho.

Já achei que a minha bússola estivesse meio estragada em vários momentos. Me justifiquei com isso e não lhe dei atenção. Mas, não... Estragada estava eu... flutuando...

Convinha ser desatenta.
Gosto de ver o tempo gastar suave, macio, real e, simultaneamente, insano... como se fosse sem começo e nem fim.

Do fatal não se pode correr, isso eu já sei. Cedo ou tarde a verdade te lasca um tapa na cara e te põe no devido lugar. Pessoalmente, aceito de bom grado. Aceito até que minha bússola possa estar estragada. O risco é sempre tão alto quanto o preço a se pagar e a satisfação de vencer.
Gosto disso...

na verdade, ADORO.

Por Ma

quinta-feira, 7 de maio de 2009

CHURRASCO



Churrasco
Nódoa. Nódoa. A minha camiseta branca gruda nas costas fazendo uma mancha transparente. Ando mais rápido. Encaro o sol e vejo um céu em negativo, com nuvens duplicadas, triplicadas, rolos grossos. Calor. Meu buço pinga. Minha testa soa. No vão dos meus peitos escorre uma água salgada e meio oleosa.
Já é meio dia. A sapatilha de borracha fina parece derreter. Observo os carros indo e vindo, queria ser tão rápida quanto um jaguar, ou um guepardo, coisa assim. Os chicletes derretem no asfalto e o sol vai tatuando uma nova cor na minha pele, bronze. Eu quente. Eu apressada, eu com vontades absurdas, com ânsias, com cios dentro de mim. Um alazão de asas douradas corta o céu. Alguém sentado em cima. Olho no relógio de novo. É realmente meio dia e eu estou atrasadíssima.
Olho o céu.Não gosto de rezar. Não gosto de ficar pedindo, pedindo toda hora. Vejo uma fumaça ao longe. É uma fábrica qualquer de alguma coisa qualquer com um monte de gente dentro ralando pra receber uns trocados no fim do mês. De certa forma, tem um pouco de carne humana nessa fumaça. De certa forma é um churrasco de gente que se evola aos céus como uma oferenda dos homens ao criador deles.
E ele gosta disso. Ele se amarra nessas fumacinhas. É uma espécie de torpor, algo assim como uma onda de crack. Quantas vezes não pediu carneiros a Abrãao e como depois o negócio de carneiros, cordeiros imolados foi dando pouca onda,ele foi criando tolerância então pediu o filho do cara. Sim, pediu o filho do cara num altar de pedra, assim no meio da floresta de oliveiras bem cara-de-pau. "Mas meu filho, Senhor?" - perguntou o cara. E ele disse: "amanhã, bem cedinho, com muita manteiga por favor!" .E o coitado foi lá e foi poupado. Nessa hora ele teve dó, né mas depois o que se seguiu foi bem diferente. Porque pensa, pensa no poder dele: poderoso demais, só esticar um braço, jogar um raio e acabar com as mazelas. Mas não, fica dando essa porra de livre-arbítrio pra gente é pra ver a esfolação mesmo. Por exemplo :Jesus sendo crucificado, ele e montes e montes de ladrões de cabeça pra baixo. Joana D´arc, que gracinha que era ela, acabou sendo queimada, ela e mais centenas de mulheres dadas como feiticeiras, centenas de milhares de judeus sendo jogados em valas, cadáveres maias apodrecendo, as virgens sendo oferecidas para a colheita ficar mais verde, mais abundante. Ele poderia ter evitado tudo isso. Não evitou pq não quis, pq gosta. Os corpos são queimados. Uma nuvem grossa de fumaça se eleva aos céus. Como uma sinuosa espiral ela se estica e chega até o nariz Dele. Ele aspira sofregamente. Uma lagriminha de felicidade escorre de Seus olhos. Plim. E vem um torpor delicioso, vem uma dormência tranquilizante. Pronto. Sua ira é aplacada e ele dorme por umas três a quatro horas. Depois acorda e começa tudo outra vez.
Ando mais depressa. Entro no açougue. Por detrás do balcão, um avental manchado de sangue com um homem atrás. O homem é moreno, tem um cabelo cortado à escovinha e é peludo como um urso. O suor escorre pelo seu dorso onde as moscas fazem uma festa infernal, andam por ali sorvendo o sal, sorvendo o óleo e todos os metabólitos do cara. Eu fico vendo o espetáculo até ele se virar e me ver.Ele percebe que estou há um tempinho esperando. Logo me entrega todos os cutelos,o martelo de quebrar ossos, a marreta que esmaga qualquer crânio, os grandes facões, o punhal, o fatiador.O preço é salgado mas eu me rendo a esse mercado negro maravilhoso e pago tudo o que ele quer. Agora tenho que andar depressa pois não quero me atrasar.
Chego em casa. Ponho a chave na fechadura. Este gesto singular me lembra que todas as coisas se introduzem umas nas outras, que maravilhoso. O mundo todo é uma foda ininterrupta. Corro para o banheiro pois Ele é pontual e nunca nunca se atrasa. O chuveiro quente derrama água em meu corpo e vai percorrendo todas as minhas fissuras... cai no chão um líquido saponáceo-suóreo-corporal-viscoso-salgado-oleoso mistura de sabonete, xampu, minhas imundícies e água. Vai lavando o granito e escoando pelo ralo. Saio toda salpicada de água, cheirosa, os cabelos esticados pela lavagem recente .Penso nele, penso nele. O vestido desliza do guarda roupa para o meu corpo. Correndo chego na cozinha.Um cheiro de incenso e rosas. Ele já está lá.
“Sua onipresença às vezes me irrita”. “Vamos logo com isso querida. Não queremos atrasar nosso jantar.” Então abro o freezer horizontal. A peça está lá totalmente congelada. Pesada. Não consigo carregar. Então ele entra em ação. Com muito carinho a pega no colo, como um noivo segurando sua noiva na entrada da nova casa. E a coloca no balcão de mármore branco.
Minha vez. Contemplo. É realmente uma peça muito bonita, grande, branca. Os olhos azuis estatelados com as pupilas dilatadas. O grande cabelo muito preto e muito liso, fazendo curvinhas graciosas e contrastando com a brancura da pedra. Os seios são um pouco caídos mas fartos o suficiente para uma boa sopa. As coxas gordas com algumas veias arrebentadas, mas muito musculosas. Com grande cautela. Sempre cuidado. É um ritual. Com o martelo vou quebrando os ossos no local das juntas, como com os frangos.Ensinamentos de mamãe para desossar. Com gentileza vou cortando os locais das fraturas com o facão. Os membros facilmente se desprendem. Essa operação me salpica de sangue e ele gentilmente vai me limpando com a barra de sua túnica imaculadamente branca. E me olha profundamente lendo meu pensamento. Eu coro e recomeço meu trabalho. Escalpelo a peça. Quantas pulseiras e bordados lindos vou fazer com estes cabelos!! Essas sedas. Siiiim. Agora é a vez de descascar os braços e as coxas. A pele vai se soltando à medida que forço o punhal em movimentos circulares, como com as laranjas. Começa a chover lá de fora. Ele manda um raio para iluminar nosso céu. Céu de belos sacrifícios. Com um corte longitudinal desosso a primeira perna, Ele vai fazendo os bifes. Com um raio acende a churrasqueira da área de serviço. Coloca as carnes num espeto e vai ajeitando. Se inicia o assado. Ele se emociona. Respira sofregamente a fumaça. Plim. Uma lágrima cai. Plim, duas. Plim , três. Percebo suas pupilas, inclusive a do terceiro olho, se dilatando exageradamente. Ele começa a rir. Me puxa para si e me beija na testa. “Minha querida, tu és minha escolhida.”
Vamos beber muita cerveja hoje.
Por Priscylla

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Ato Público Contra o AI-5 Digital


Gostaríamos de convidá-lo a participar do ato público que será realizado no dia 14 de maio, às 19h30, em defesa da

LIBERDADE NA INTERNET CONTRA O VIGILANTISMO NA COMUNICAÇÃO EM REDE
CONTRA O PROJETO DE LEI SUBSTITUTIVO DO SENADOR AZEREDO

O Ato será na Assembléia Legislativa de São Paulo e será transmitido em streaming para todo o país pela web.
PLENÁRIO FRANCO MONTOROASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DE SÃO PAULO AV PEDRO ALVARES CABRAL S/N - IBIRAPUERA
O Ato também terá cobertura em tempo real pelo Twitter e pelo Facebook.
Contamos com a sua presença.
Comitê Organizador

Escrito por Sérgio Amadeu em 4 maio 2009 Tags: , ,
Retirado de Os Trezentos sobe licença CREATIVE COMMONS

Tarso Genro pede mobilização social para corrigir PL Azeredo

O Ministro Tarso Genro enviou uma carta-resposta em que se compromete a trabalhar para corrigir as arbitrariedades antidemocráticas do Senador Azeredo e pede participação social.
Leia abaixo os dois documentos:
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1- Carta do Ministro Tarso Genro
2- Carta de militantes gaúchos pela liberdade da Rede
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Ao Deputado Paulo Teixeira
E aos companheiros José Tavares, Marcelo Branco, Sady Jacques, Juberlei Bacelo, Celso Woyciechowski,

A aprovação, no Senado Federal, do substitutivo apresentado pelo senador Eduardo Azeredo ao Projeto de lei nº 84, de 1999, que dispõe sobre os crimes cometidos na área de informática, intensificou o debate público sobre o tema. Felizmente, vieram em tempo as críticas da sociedade civil à regulamentação penal da Internet e aos problemas trazidos pelos tipos penais e pelos mecanismos de controle do projeto de lei.Pela carta que recebi, estamos claramente do mesmo lado na discussão sobre a Internet no Brasil. Ao elaborar uma nova proposta, o Ministério da Justiça estabeleceu como premissa o respeito à democratização da Internet e a necessidade de aprofundar a inclusão digital no país. Somos contrários, evidentemente, ao estabelecimento de quaisquer obstáculos à oferta de acesso por meio de redes abertas e à inclusão digital, ao vigilantismo na Internet e a dificuldades para a fruição de bens intelectuais disseminados pela Internet.
A aprovação do projeto de lei no Senado demonstrou o perigo de uma legislação com esses problemas ser aprovada caso não haja reação forte e decidida dos setores democráticos da sociedade. Estamos a serviço desses setores. Por isso mesmo, a proposta que levamos à discussão foi – e ainda vem sendo – debatida no interior do Poder Executivo, em reuniões coordenadas pela Casa Civil com representantes da sociedade civil e empresas que participam da inclusão digital no Brasil (lan houses e provedores), em São Paulo, em Brasília, no Fórum Social Mundial e, esperamos, nas próximas oportunidades em que possamos contribuir. O deputado Paulo Teixeira, presente na maior parte dessas ocasiões, testemunhou nosso empenho em corrigir os graves problemas do projeto de lei aprovado no Senado. Para isso, precisamos sim de auxílio para a construção de um texto alternativo ao que hoje parece estar próximo de ser aprovado.
Com a nova proposta, procuramos clarear nossos posicionamentos: garantir que as iniciativas de inclusão digital não arquem com os altos custos de armazenamento de dados informáticos; excluir o dispositivo que obriga os provedores de acesso a informar à autoridade competente denúncia que tenha recebido e que contenha indícios da prática de crime ocorrido no âmbito da rede de computadores sob sua responsabilidade; estabelecer e melhorar o conceito de provedor de acesso; reformular os crimes de acesso indevido a informações em sistemas informatizados e de inserção e difusão de código malicioso, excluindo-se, ainda, diversos tipos penais desnecessários, porque já previstos na legislação vigente. Ressalte-se, também, que procuramos retirar todas as possibilidades de os crimes previstos no PL atingirem direitos de propriedade intelectual.
Estamos convictos de que essas mudanças foram positivas, embora talvez ainda não tenham solucionado todos os problemas do projeto de lei aprovado no Senado. Na última reunião de que participamos, representantes da sociedade civil se prontificaram a apresentar uma nova redação para o substitutivo, inclusive com o aporte de conhecimentos técnicos de que não dispomos. Recebemos com entusiasmo a idéia de uma regulamentação civil da Internet e a oposição pública aos equívocos do projeto de lei, que tem impedido a aprovação impulsiva do projeto hoje na Câmara dos Deputados.
Acreditamos ser possível chegar a um projeto adequado à realidade brasileira, que contenha garantias para que a população não tenha seus hábitos na Internet analisados sem autorização judicial, e que os esforços para disseminar a Internet sejam encorajados cada vez mais. No entanto, é imprescindível que recebamos contribuições dos representantes da sociedade civil, pois só assim poderemos construir uma regulamentação que não reproduza os problemas do projeto de lei aprovado no Senado.
Mantemos nosso compromisso de participar desse debate, liderado pelo deputado Paulo Teixeira. Permanecemos à disposição para auxiliar nas discussões do projeto de lei, no Congresso Nacional ou fora dele. E reafirmamos nosso apoio às alterações que fortaleçam a inclusão digital e que protejam os usuários da Internet de abusos cometidos por quaisquer autoridades.
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Tarso Genro

Porto Alegre, 25 de abril de 2009.
Ao Ministro Tarso Genro:

Parcela importante da sociedade civil organizada do Rio Grande do Sul declara-se extremamente preocupada com a possível aprovação da Lei de Controle da Internet, proposta pelo substitutivo do Senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
Justamente no momento em que debatemos e lutamos pela radicalização da democracia no país, e nos esforçamos para que não haja descontinuidade eleitoral de nosso Governo democrático popular no plano Federal, surge a ameça de uma lei que representará na prática um “AI-5 Digital”.
A Lei Azeredo irá criminalizar em massa, práticas comuns na Internet; irá tornar mais caros nossos projetos de Inclusão Digital; proibirá as Redes Abertas; piorará a legislação referente à propriedade intelectual; legalizará a delação e o vigilantismo; inviabilizará sites de conteúdo colaborativo; atacará frontalmente a privacidade individual e oferecerá mecanismos digitais para que ressurjam perseguições politicas como houve nos tempos da ditadura.
Teremos uma Internet controlada, pior do que em países como Arábia Saudita, Nigéria e China.
Sendo assim, reivindicamos:
* Arquivamento do “substitutivo” organizado dentro do Ministério da Justiça;* Apoio à não-aprovação do PL Azeredo, especialmente através da supressão dos artigos 285-A, 285-B, 163-A e 22;* Constituição de uma comissão de membros da sociedade civil organizada, para redação de uma proposta de marco regulatório civil da Internet brasileira;* Agenda com Vossa Excelência, em regime de urgência, para tratarmos destas iniciativas e suas conseqüências.
Assinam esse documento:
* Setorial de Tecnologia da Informação do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (Setorial de TI do PT-RS);* Associação Software Livre.Org (ASL.Org);* Associação Gaúcha dos Profissionais na Área de Tecnologia da Informação e Comunicação (APTIC-RS);* Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários);* Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS).
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Maiores informações:

Contatos:

José Tavares (Setorial de TI do PT-RS) – tdaj@uol.com.br – (51) 9251 9103
Marcelo Branco (ASL.Org) – marcelo@softwarelivre.org – (51) 9736 3076
Sady Jacques (APTIC-RS) – sady@via-rs.net – (51) 8213 5999
Juberlei Bacelo (SindBancários POA) – juberlei@sindbancarios.org.br – (51) 9805 2617
Celso Woyciechowski (CUT-RS) – celso@sintaers.com.br – (51) 9967 1278
Escrito por Cassino em 6 maio 2009
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* Retirado de Os trezentos, sob licença CREATIVE COMMONS

sábado, 2 de maio de 2009

Divagação quase curta.



Aceite que o conhecimento é prazeroso.

O exercício cerebral de consultar referências na memória, no que já foi vivido e aprendido e, daí chegar à hipóteses lógicas, é uma satisfação física.

É o prazer da descoberta.

Criar algumas conexões e buscar novas referências.
De repente, modificar seu ponto de vista.
Pensar.

Não ser hipócrita consigo mesmo e nem com seus objetivos.
Respeitar as regras do SEU método,
só após tê-lo realmente compreendido.

Ter consCIÊNCIA de suas limitações.

Ser prudente, para enfrentar o mínimo possível o inesperado.
Vigilante, para perceber em tempo um possível engano.
Persistente, para não desistir quando o caminho lhe testar.

Por fim... CORAJOSO:

Estar vivo e aceitar essa condição demanda muita coragem.
Por Ma Saraiva

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Cavalheiros de Shakespeare

Intenções são escravas da memória;
São fortes, mas têm vida transitória;
Qual fruto verde que se ostenta, duro,
E há de cair quando fruto maduro,
É fatal que esqueçamos de nos dar
O que nós mesmos temos de pagar:

Aquilo que juramos na paixão,
Finda a mesma,
perdeu a ocasião.

A violência das dores e alegrias
Destrói as suas próprias energias.

Onde há prazer, a dor põe seu lamento,
Se a magoa ri, chora o contentamento.

O mundo não é firme, e é bem frequente
O próprio amor mudar constantemente,
E ainda está para ficar provado
Se o fado guia o amor,
ou este o fado.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Copyright pra quem?

Nossa, tô devendo um post aqui há tempos. Além dos novos capítulos da novela do caso Pirate Bay, tô em falta com montes de assuntos importantes, interessantes, engraçados e relevantes ao blog. Aliás, me pergunto: O que não é relevante aqui? Vamos de Pirate Bay, então.

A boa nova é que o Juiz do caso foi desqualificado por ter emitido julgamento parcial, já que ficou comprovado que Tomas Norstron (o tal Juiz) é membro da Associação Sueca para Direitos Autorais. Coincidência ou não, um dos participantes da tal organização, o Peter Danowsky, participou do julgamento como representante da indústria de música e cinema.

Vamo lá gente, vamos pensar... Quando os caras do PB foram condenados por infringir as leis de Copyrights a comunidade internética-cibernética foi à loucura com a injustiça. Afinal, como uma atividade social e cultural (como a troca de arquivos no Ciberespaço) tão comum pode ser considerada crime? Quem está sendo lesado? Os músicos, cineastas, escritores? Acredito que não.

Há tempos que o Copyright se tornou um valioso produto econômico para as indústrias fono e cinematográficas, como bem disse Joost Smiers em A ORIGINALIDADE QUESTIONÁVEL.

A maioria dos artistas já não vive de direitos autorais. Os lucros de tais direitos vão à jato para grandes gravadoras e para indústrias de entretenimento. Quando essas criminalizam caras como Peter Sunde, Gottfrid Svartholm e Fredrik Neij (os três fundadores do Pirate Bay), elas evidenciam quem são os reais interessados na caça aos piratas e a quem realmente favorece o sistema de Copyrights.

A questão em jogo não é uma simples punição de um crime. O caso PB ultrapassa o interesse público e chega ao privado. O uso do judiciário para defesa de interesses pessoais é, além de absurdo, uma apelação daqueles que acreditam no Estado da Ordem e do Progresso.

Para ajudar a galera interessada no assunto:
Copyright é novo imperialismo, diz guru da web
Internet sem Amarras Jurídicas

Por Ma Saraiva

sexta-feira, 24 de abril de 2009

DOWNLOADS SAFADINHOS!


O Hard Rock rápido, com algumas pitadas de punk à la Black Flag .Tem uma influência indiscutível de Girschool. Então seria Lisa uma metaleirinha ou uma punkzinha? Eu diria que metade-metade. Ex viciada em drogas agora em recuperação, como pode-se perceber em algumas letras como "war machine". Alguns já classificaram os solos de guitarra da Lisa como "cheios de testosterona', mas eu acho particularmente esse tipo de classificação uma ofensa para nossa heroína do hard rock cujo somé de primeiríssima qualidade.Por que uma mulher que toca bem tem hormônios masculinos em excesso? Não senhor! Um viva aos grandes lábios de Lisa que entoam letras despretensiosas em tons não tão agudos e teen quanto digamos umas Crucified Barbaras da vida, e nem tão roucos e com resquícios de pigarro como a Donita do L7, é limpo e é o de uma mulherzinha feita do alto dos vinte anos que passam como um tufão na vida da gente.De origem judia, seu verdadeiro sobrenome é Cohen, não se esqueçam, então da nova stray edge do HardRock que enche nossos ouvidos com uma destreza enorme na guitarra.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Rio.


há um riacho de sangue

onde uma alma exangue

pára pra se refrescar

essa mesma alma sente

que está ficando demente

por que a bebida acabará

esse elixir vermelho

que cobre a alma até o joelho

é uma beberagem peculiar

pois ela não sacia a alma

que numa atitude muito calma

se senta na relva a chorar

e chora um riacho de sangue

onde outra alma exangue

vai feliz para se banhar

essa alma tão alegre

insensata não percebe

que há outra dela a gritar.


Por Priscylla

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O caminho

" E pra onde a sorte há de te levar?
Saiba, o caminho é o fim
mais que chegar.
E queira o dia ser
Gentil a tua mão
Aperta pra quem é."

(Little Joy)

Pic by Ma Saraiva

P.S.: Eu tinha que colocar uma foto pra mudar a vibe do cocôzão que a Pri colocou . Mas o Manifesto Coprófago tem lá muitas verdades.

domingo, 19 de abril de 2009



Manifesto Coprófago

O que entendemos por excremento? O sentido mais específico da palavra é a expulsão dos dejetos fecais de qualquer ser. A merda, as fezes, o cocô são nomes populares de tudo o que é classificado como resto de metabólito. Merda é sinônimo de fedor, de repulsa, asco, nojo, coisa maldita e malfeita.
Mas, por que essa ênfase nas características negativas da merda? Não possuiria ela um lado bom que a redimisse de todos os seus aspectos repulsivos? Sim, claro que sim. A merda é o adubo, a merda é a matéria orgânica que se colocada à raiz da árvore, alimenta a planta e a faz crescer e frutificar. A merda é o início do alimento e o final dele. A merda se alia ao chão para que a humanidade e as outras espécies não pereçam. Então o que classificamos como sujo e infecto é na verdade o que nos dá vida e energia.
E logo se a merda que é uma coisa renegada tem a sua (grande) fatia de participação na criação e na sobrevivência, tudo o que achamos que é essencial para a criação e para a sobrevivência tem a sua fatia de asco, de repulsivo, de fedor, de nojo. Tudo que o ser humano classifica como bom, como arte, como gostoso, como essencial para a vida e para a invenção tem o seu lado ruim, o seu lado manipulador, o seu lado merda. Desde que nascemos somos educados por uma família opressora, por um Estado opressor, por uma escola opressora e na maioria dos casos por uma religião opressora. Este é o nosso lado verdadeiramente merda e o q a sociedade define como merda na verdade pode ser prazeroso; o q ela diz ser supremo na verdade é grande merda. A sociedade é uma merda, tudo que ela produz é merda. Logo você ingere fala e ouve merda. Olhe ao seu redor, os meios de comunicação todos tentam passar um sistema fétido de idéias, algo de podre sempre está no ar, nos governos, na rede de saúde, no caráter das pessoas se esconde a verdadeira merda. A sociedade é merda e tudo que ela produz é grande merda. Logo você ingere, vê, ouve e fala merda. Quando nascemos somos obrigados pela sociedade a seguir padrões de comportamento que reprimem a merda. A merda e o chão. Mas verdadeiramente somos a merda. Tudo que somos devemos ao chão e à merda. Cultuar a merda é a forma mais caricata de ser feliz. Cultuemos a merda e o chão. Cultuemos as nossas mais intrínsecas origens. E a forma mais lógica de cultuarmos a merda é começarmos uma revolução social que nos faça refletir onde está escondida a verdadeira merda, o verdadeiro nojo, o verdadeiro asco: num nobre produto do metabolismo ou nas ações/construções sociais que nos cercam. Isso é a coprofagia. Essas são as bases do Manifesto Coprófago. Comamos a merda. Assimilemos a merda . Separemos a merda metabólito da merda humana, façamos uma reconstrução de valores. O que classificamos como merda hoje, que seja o big bang do amanhã e o que classificamos como bom hoje, como valor, como indispensável que seja enterrado, que seja despojado num buraco no chão
.

JOGAVAM CAXANGÁ: A Batalha dos Clones pelos Direitos de Reprodução

Por Paulo Brabo

Estocado em 1984

Numa gloriosa tarde de 1981 a Kátia, minha colega de sala de sexta série e por quem eu estava perdidamente apaixonado, entregou-me a fita cassete – Hot Tape da BASF – na qual havia gravado pra mim a trilha sonora da novela Baila Comigo. Como Gollum apertando entre os dedos o seu Anel, eu agora tinha o Poder: podia ouvir quantas vezes quisesse a docenolenta, quase eterna canção Time, do Alan Parsons Project. My precious.
Não demorou e meu pai comprou para mim o LP The Turn Of A Friendly Card, álbum de onde a música tinha sido tirada para a novela (no disco Time segue-se à memorável Games People Play). Foi meu primeiro álbum do Alan Parsons, mas não o último. Nas décadas que se seguiram eu me tornaria o impossivelmente feliz possuidor de mais meia dúzia de LPs e três ou quatro CDs da banda.
Tudo, no entanto, começou com Time.
Flowing like a river. To the the sea.
* * *
Aquela era uma época em que uma fita gravada por você, com músicas selecionadas por você, era um presente muito comum. Eu mesmo gravei uma infinidade fitas com seleções ecléticas e mixagens feitas na unha, para presentear as mais diversas vítimas.

Tecnicamente, gravar uma fita para dar de presente era naquele tempo tão ilegal quanto é hoje baixar e compartilhar no seu computador arquivos mp3 via programas como o Kazaa, o falecido Napster, ou afins. Ninguém, porém, sentia-se especialmente criminoso fazendo isso. Ninguém corria o risco de ser preso, perseguido ou mesmo de receber uma repreensão.

Você pode pensar, talvez, que a diferença está na escala: uma coisa é compartilhar uma música com um amigo através de uma fita gravada; outra é dividi-la com um milhão de amigos que você não conhece através do computador. A primeira pode ser inocente, a segunda não pode deixar de ser condenável.

Não, sinto dizer, segundo a lei – e a lei importa hoje, ou deixa de importar, tanto quanto na década de 1980. O copyright já existia naquela época, mas nem os estúdios de cinema nem as gravadoras preocupavam-se muito em colocar em prática todas as suas impraticáveis restrições.
A diferença entre aqueles dias e os nossos é, naturalmente, o surgimento de dois novos personagens na história: primeiro o computador pessoal e, logo a seguir, a improvável rede que surgiu para ligar um computador pessoal ao outro. O PC e a internet mudaram tudo – mas não do jeito que você está pensando.

* * *
Hoje os executivos de Hollywood e das grandes gravadoras estão apavorados com o nosso computador. Eles fazem tudo para você pensar que o que eles temem é a pirataria, mas isso é, acredite, mera manobra de diversão.

A pirataria não representa uma ameaça, e a esta altura todos sabem disso. Não há um estudo sequer que confirme que o compartilhamento de arquivos mp3 tenha contribuído para uma diminuição no número de discos vendidos. Há, pelo contrário, estudos que sugerem exatamente o contrário. Como sugere a minha cândida história com Alan Parsons, uma única música compartilhada pode gerar inúmeras vendas de discos, e por um período estendido de tempo.

Como profetizava Heinlein em 1939, os estúdios e gravadoras querem manter o monópolio da produção cultural. Ele sustentam a noção de que “apenas porque uma corporação extraiu lucro da população por um número de anos, o governo e os tribunais tem a obrigação de garantir tal lucro no futuro, mesmo diante de circunstâncias novas e de forma contrária ao interesse público”.
Os executivos do copyright não temem a pirataria: temem a concorrência.

* * *
Hoje em dia é coisa comum você comprar CDs que não podem ser copiados, músicas que que requerem uma autorização especial e só podem ser ouvidas no seu computador, filmes que só podem ser vistos duas ou três vezes, livros digitais que não podem ser impressos. Todas essas medidas podem gerar a impressão de que o cartel do copyright está preocupado em proteger o seu conteúdo contra a nossa pirataria.

O plano é na verdade mais ambicioso. Eles querem proteger-se contra o nosso conteúdo.

Pense comigo. O advento do computador pessoal alterou fundamentalmente duas coisas: [1] o modo como o conteúdo cultural é produzido e [2] o modo como esse conteúdo é distribuído. Por “conteúdo cultural” entenda o que quiser: textos, imagens, áudio, animação, jornalismo, cinema, poesia, o que for.

A produção era laboriosa e a distribuição cara.
Se eu quisesse distribuir um texto meu em 1981, teria de datilografar uma cópia boa na máquina de escrever do meu pai, arcar com os custos de xerox e de encadernação e pagar ainda as despesas com envelopes e correio. Se eu quisesse distribuir uma música minha em 1981, precisaria gravá-la em apenas dois canais no meu velho tape-deck, reproduzir a mesma versão crua em fitas cassete que eu mesmo teria de pagar e cobrir ainda as despesas de correio. Se eu pensasse alto e quisesse atingir um público verdadeiramente amplo – digamos, gente de outros países – esses custos se multiplicariam ao infinito.

A produção era laboriosa e a distribuição cara.

O computador mudou as duas coisas. Hoje em dia escrevo e publico um texto quase simultaneamente: no instante seguinte o Julian em Londres já está usando o babelfish para traduzir o que estou dizendo. Uso o computador para gravar uma música em quantos canais eu imaginar, remixo e finalizo o arquivo com um clique e publico na internet para quem quiser ouvir. A produção foi infinitamente facilitada através do computador, e a internet baixou o custo de distribuição a zero.
* * *
Não é de admirar que Hollywood esteja apavorada. A produção facilitada e a distribuição imediata tornou a produção cultural coisa comum. O seu filho de dez anos pode produzir em casa um filme mais elaborado do que George Lucas gravou com vinte e cinco. Seu vizinho pode gravar com sua SoundBlaster uma canção mais bem produzida do que Elvis Presley vendeu com quarenta.

Não é à toa que as pessoas estejam comprando menos entradas de cinema. Em 1981, se eu quisesse diversão, precisava esperar a Sessão da Tarde, guardar uns trocos para pegar um cinema à noite ou passar o sábadão curtindo a [única] rádio FM de Bauru. Essas eram, sem qualquer exagero, todas as minha opções. A minha demanda por conteúdo era fundamentalmente maior que a oferta.

Hoje em dia, e você sabe melhor do que eu, as alternativas são muito mais abundantes do que o tempo que dispomos para elas. A oferta de conteúdo é maior do que a demanda. E, mais importante, uma parte muito significativa do conteúdo que está à sua disposição é – para desespero do cartel do copyright – gratuito.

Gravar uma fita para dar de presente era naquele tempo tão ilegal quanto é hoje baixar e compartilhar arquivos mp3 no seu computador.

Você não precisa ir ao cinema. As opções são tantas. Se você fala inglês, pode baixar e assistir uma das milhares de filmes disponíveis no repositório do sáite archive.org (por exemplo, a versão original de A Noite Dos Mortos Vivos de 1968). O saíte depict.org hospeda uma fantástica série de curta-metragens premiados, alguns dos quais nem é preciso saber inglês para entender. Você pode naturalmente escolher visitar a ifilm.com, ver um clipe engraçado no putfile.com ou assistir um filme aleatório no google. Isso para não mencionar os sáites dedicados apenas a mixagens, como o infame jedimaster.com do Garoto Guerra Nas Estrelas.

Você não precisa comprar um CD. Se não quiser ouvir uma música minha, pode baixar gratuitamente peças musicais completas em infinitos gêneros na seção de áudio de código aberto do sáite archive.org (a minha versão de Silent Night, gravada com os Trinity Brothers, está lá na página principal, na coluna da direita). Você tem milhares de rádios para ouvir online; não precisa limitar-se como eu aos oito canais da BBC. E quando estiver realmente entediado pode recorrer a sáites de distribuidoras generosas como a Magnatune, que deixam você ouvir todos os seus álbuns na íntegra sem que tenha de pagar um tostão por isso.

Você não precisa comprar um livro. Se não quiser ler o que eu escrevo – o que é, por si só, completamente lamentável – pode ler um clássico em inglês do Projeto Gutenberg ou na biblioteca da bartleby.com, ou ainda um bom livro em português tirado da estante da virtualbooks. Para algo mais pessoal, beirando o diário e a confissão, há net afora zilhões de blogs para você folhear.

* * *
É essa a concorrência “desleal” que Hollywood e as gravadoras estão tendo de enfrentar – o impacto do novo conteúdo “democrático” é muito maior no bolso deles do que os supostos prejuízos da pirataria.

Do jeito que estou contando esta parece ser uma aventura que estamos ganhando, mas o Império Contra-Ataca – sempre. O monopólio da distibuição e da produção cultural é um Anel do Poder que corporação alguma desejaria perder.

Enquanto estamos conversando, o cartel do copyright está tomando medidas para que a distribuição cultural permaneça monopólio dele. Algumas novas câmeras de vídeo, por exemplo, geram arquivos que não podem ser redistribuídos facilmente. Alguns gravadores de DVD e de video já vem programados para tornar impossível a gravação de determinados sinais – não apenas os da TV a cabo, mas também os sinais provenientes da sua filmadora ou câmera digital. A nova geração de chips da Intel virá embebida com um “sistema de proteção aos direitos autorais” que limitará no nível de hardware a distribuição e a reprodução de conteúdo digital. Alegando “questões de segurança”, o cartel do copyright já luta nos tribunais de diversos países para tornar ilegais quaisquer programas de compartilhamento de arquivos entre usuários da internet (como, por exemplo, os da tecnologia BitTorrent), mesmo que os arquivos que você queira compartilhar sejam de sua autoria e com conteúdo não sujeito a copyright. O Windows Vista, a nova versão do Windows que substituirá o XP, terá mecanismos de reprodução e distribuição digital com limites a serem determinados pelos executivos de Hollywood.

Os executivos do cartel querem decidir o que você pode reproduzir ou não, o que você pode compartilhar ou não, o que você pode distribuir ou não – mesmo que se trate do seu próprio conteúdo. A liberdade que lhe dá o seu computador, sustentam eles, é peso demasiado do qual eles querem ajudá-lo a livrar-se. A clonagem indiscriminada é perigosa.

A internet e o PC produziram um indomável mundo novo, com possibilidades culturais e sociais que nem começamos ainda a avaliar. Hoje compartilho instantaneamente, ao custo de amendoins, arquivos, idéias e amizade com gente do outro lado do mundo. Os escravos de Jó estão jogando caxangá, mas ninguém sabe por quanto tempo. O Grande Irmão oferece sua mão para nos proteger da nossa nova e terrível liberdade. “Copyright” quer dizer “direito de reprodução” – tira, põe, ou deixa ficar?

Este é um momento importante na história da Aliança Rebelde. A Batalha dos Clones começou.
Que a Força esteja com você.

sexta-feira, 17 de abril de 2009



poesia é legal, faz bem pra alma
postar aqui uma poesiazinha só pra deleite de alguns


ou desprazer, não é amigos?


opiniões e comentários serão bem vindos.




CAPITÃO GANCHO

Rápido pirata, acorde o jacaré

Os fantasmas estão pegando no nosso pé

Rápido demais é o que é

Temos que destruir toda a nossa fé

Ela está fazendo o barco pesar

Ande rápido senão vamos afundar

Rápido pirata, pegue sua espada

Os mouros estão chegando com as cimitarras

Liberte os reféns, corte suas amarras

Vamos improvisar uma jangada

Rápido pirata venha comigo

Vamos nos esconder, procurar abrigo

Rápido pirata, ouça o que eu digo

Não olhe para trás nem por um segundo

Vamos mergulhar nesse mar profundo

Pegue sua faca, feche a escotilhaa jangada

Cuidado para não cair em nenhuma armadilha

Vamos nos livrar dessa emboscada

E amanhã em terra firme não lembrar de nada

Rápido pirata, ouça o que eu digo

Não olhe para trás nem por um segundo

Vamos mergulhar nesse mar profundo

Pegue sua faca, feche a escotilha

Cuidado para não cair em nenhuma armadilha

Vamos nos livrar dessa emboscada

E amanhã em terra firme não lembrar de nada.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Abra sua mente


Entre, sente-se, sirva-se e abra a boca.

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Remixe nossos textos, nossas idéias e nossa rotina. Enjoy it!
O que não vale é ficar parado, lendo esse monte de coisa como uma ameba. Esvazie seu saco com a gente. Afinal, língua não serve só pra chupar sorvete e internet não é só pra fuçar Orkut.

Informe-se e informe-nos, o prazer é todo nosso!
Ma e Pri